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A fim de alertar consciências para a onda de atropelamentos vivida no país, os ciclistas profissionais Hugo Sabido (LA Alumínios/Antarte) e Rui Sousa (Efapel/Glassdrive) estiveram, ontem, 13 de Janeiro em directo, no programa ‘Desporto 2’ para falar sobre a sua experiência e apelar para uma maior consciencialização dos automobilistas em relação a quem pedala nas estradas portuguesas, profissionais ou cicloturistas. 

No passado dia 28 de Dezembro, durante o treino em Viana do Castelo, Rui Sousa foi alvo de um atropelamento intencional por parte de um condutor que, convicto da sua prioridade, decidiu entrar numa rotunda onde já se encontrava o grupo de cinco ciclistas. Além de quase atropelar o corredor que seguia na frente do grupo, o qual manifestou o seu descontentamento, ainda parou em plena rotunda, fez marcha-atrás e embateu propositadamente contra Rui Sousa, provocando-lhe uma fractura no sacro. Consequência? Um mês e meio de paragem em plena pré-temporada!
Quanto a Hugo Sabido, o caso remonta a 2011, mais precisamente antes do início da Volta a Portugal. O ciclista treinava na Covilhã quando uma automobilista cruzou o seu caminho para entrar noutra estrada, bateu na sua roda traseira e projectou-o cerca de 13 metros contra um muro de mármore, onde embateu de frente com a cabeça. Felizmente, não teve consequências graves.
Todos os dias ouvimos relatos de atropelamentos, com maior ou menor consequência para a vida de quem pedala nas estradas nacionais. Uma das causas é o excesso de velocidade por parte dos condutores, que demonstram uma falta de civismo e de respeito para com os ciclistas, como relatou Rui Sousa: «Muitas estradas onde treinamos, são estradas onde há o limite de velocidade de 50 km/h. Um carro para passar por mim, passa a mais de 60, 70 ou 100 km/h. Tem que haver muito mais respeito em relação a nós, porque o nosso local de trabalho é a estrada. Um carro é uma arma na mão. É preciso ver que, para quem vai a pedalar de bicicleta, o corpo é a nossa defesa.»
Hugo Sabido salientou o facto de notar «um maior caos na estrada» e de, estatisticamente, ocorrerem mais acidentes. «Actualmente, esses acidentes têm provocado mais mortes e, por isso, são mais divulgados. Diariamente a treinar, sentimos que não há um único dia que não haja uma situação com um automobilista.»
Os dois profissionais realçaram um ponto essencial a ser mudado no Código da Estrada: os ciclistas poderem andar a par nas estradas. Rui Sousa explicou: «Em qualquer país da Europa isto é legal. Só o nosso Código é que não o permite. É muito mais seguro. Se formos dois a dois, [o automobilista] é obrigado a travar e vai passar a uma velocidade normal.» Acrescentou Hugo Sabido: «É uma loucura a velocidade a que passam por nós, as tangentes que nos passam, se formos em fila indiana. Eu sei que existem alguns excessos dos utilizadores de bicicleta, mas também existem muitos excessos dos condutores. De parte a parte tem que haver civismo, compreensão, calma para ambos vivermos em segurança nas estradas que temos.»
Por último, apelaram à participação de todos na Manifestação Nacional “Basta de Atropelamentos”, uma iniciativa da Federação Portuguesa de Cicloturistas e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) no próximo dia 19 de Janeiro. «É uma iniciativa de louvar, que temos todos de dar o nosso contributo divulgando-a ao máximo e apelar para que as pessoas se desloquem a essa Manifestação», afirmou Hugo Subido. Quanto a Rui Sousa, disse que «Temos todos que trabalhar em prol para que isto mude alguma coisa e nos dê mais autonomia na estrada». Quanto à sua recuperação, assegurou estar a correr «muito bem até ao momento e que assim continue para poder voltar à estrada e fazer aquilo que efectivamente eu amo, eu gosto, que é a minha vida, que é pedalar».

Por: Helena Dias
In: APCP – Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais

Fica o Vídeo da Entrevista ontem na RTP2, no programa Desporto 2:

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