Centenas de ciclistas participaram numa vigília no Campo Grande, Lisboa, onde fizeram 16 minutos de silêncio em memória da jovem que morreu atropelada naquele local, na semana passada, e alertar para o excesso de velocidade dos carros.
“Isto é um ato cívico e reivindicativo. Não é o primeiro acidente. Ainda , no decorrer desta manifestação, se deram conta, passou, sem respeitar o [semáforo] vermelho, um carro com alguma aceleração”, realçou o presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB).
“Nós não defendemos só o andar de bicicleta, temos de defender os peões, ou seja, defender os peões e os utilizadores de bicicletas, que são os mais sensíveis e mais vulneráveis no trânsito”, observou, referindo haver “uma sinistralidade enorme” em Portugal.
“O Código da Estrada está brando e a ideia é penalizar com os pontos. Enquanto não se levar isto muito a sério, eu posso ser a próxima vítima, ou qualquer um de nós”, destacou, pedindo mais atenção do Governo e da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.
“Todos os dias vou para o trabalho e volto. Optei por este meio de transporte que é mais seguro e mais saudável, mas tenho medo”, declarou, enfatizando que é “muito perigoso”.
Considerando ser muito prudente, Rita Bastos contou que faz a Avenida Almirante Reis todos os dias e que muitos automobilistas não respeitam a velocidade.
“Fiquei feliz com aquela nova ciclovia, mas, até lá, era sempre a parte do caminho em que tinha mais medo de passar, porque muitos automobilistas não respeitam a velocidade, passam muito perto e ainda nos insultam por circularmos na bicicleta”, observou.
“Um trabalho que a câmara [Municipal de Lisboa] poderia realizar era de consciencialização da vida em comum, ou seja, os carros podem existir e as pessoas e os ciclistas também. Acho que aqui falta um apelo do lado da câmara, e não só da câmara, do país como um todo”, salientou.
Para o ciclista amador, as entidades deviam ensinar as pessoas de que é possível coabitar.
À mesma hora da concentração no Campo Grande, decorreram também vigílias em Aveiro, Braga, Évora, Faro, Guarda, Lisboa, Porto e Santarém.