O percurso ‘possível’ da edição especial da Volta a Portugal concentrou a montanha a abrir, deixando apreensivo um pelotão sem ritmo competitivo, que ao quinto dos nove dias da prova já terá subido Senhora da Graça e Torre.
Resultado? Um percurso à imagem de Joaquim Gomes, com um prólogo a abrir, um contrarrelógio a fechar, e as incontornáveis chegadas a Santa Luzia e Senhora da Graça, com a Torre de regresso para desempenhar o papel de convidada especial.
Após quase seis meses de paragem devido à pandemia de covid-19, o pelotão nacional vai enfrentar três chegadas em alto logo nas quatro primeiras etapas em linha, um risco ‘calculado’ que pode significar que, no final da quarta tirada, a geral individual possa já estar definida, com possíveis acertos a serem realizados no contrarrelógio final ou a resultarem de azares envolvendo candidatos, e que, consequentemente, haja um desinteresse do público, ‘obrigado’ a ver a corrida pela televisão.
Coube a Fafe, uma das paragens habituais da Volta a Portugal, a honra de inaugurar esta edição especial, com um prólogo de sete quilómetros que ‘entregará’ a primeira amarela e que é talhado para homens velozes que se dão bem na luta contra o cronómetro.
A versão mais curta da corrida não permite momentos de descanso ou transição e, assim, logo ao segundo dia, os ciclistas enfrentam a etapa mais longa da competição, uma ligação de 180 quilómetros entre Montalegre e o alto de Santa Luzia, em Viana do Castelo, onde está instalada uma contagem de montanha de terceira categoria coincidente com a meta.
O primeiro grande teste às forças dos favoritos está, todavia, reservado para a segunda etapa, que começa em Paredes e termina, depois de ultrapassados 167 quilómetros, no alto da Senhora da Graça, em Mondim de Basto.
Nesse dia 29 de setembro, o pelotão irá ainda enfrentar, antes da subida ao ponto mais alto do monte Farinha, outras duas outras contagens de primeira categoria, na serra do Marão (aos 96 quilómetros) e no Barreiro (131,7).
Os ‘sprinters’ deverão ter uma oportunidade no final dos 171,9 quilómetros da terceira tirada, entre Felgueiras e Viseu, um dia teoricamente ‘tranquilo’ para os homens da geral, antes da jornada que poderá ser a mais decisiva na luta pela amarela: na quarta etapa, há 148 quilómetros para percorrer entre a Guarda e o ponto mais alto de Portugal Continental, a Torre.
A quinta etapa, que vai ligar Oliveira do Hospital a Águeda, ao longo de 176,3 quilómetros, dará nova hipótese de vitória aos mais velozes, na véspera de a Volta a Portugal assinalar o cinquentenário da primeira vitória de Joaquim Agostinho, num périplo de 155 quilómetros na região Oeste, entre Caldas da Rainha e Torres Vedras.
Loures, onde a República foi declarada um dia antes do resto do país, em 04 de outubro de 1910, assinala a efeméride com o arranque da sétima etapa, que terminará em Setúbal, já depois de uma subida de segunda categoria na Arrábida, a 13,4 quilómetros da chegada, e de percorridos 161 quilómetros.