Historicamente, as grandes crises trazem sempre momentos difíceis, mas, ao mesmo tempo, novas oportunidades a que normalmente a bicicleta está sempre associada.
Foi assim em 2017, quando a Cidade do México foi abalada por um terramoto.
Com a falta de energia e poucos meios de transporte motorizado, a bicicleta rapidamente emergiu como a opção mais rápida e eficaz. Brigadas de bicicletas de carga foram usadas no transporte de bens essenciais para ajudar as pessoas afetadas pela catástrofe. A bicicleta tornou-se num ativo importante para os cidadãos da Cidade do México.
Igualmente, em França, quando há apenas alguns meses, as operadoras nacionais de transporte ferroviário entraram em greve, afetando milhões de passageiros. A alternativa dos parisienses foi pegar nas suas bicicletas e usá-las como meio de transporte.
A greve mostrou que a bicicleta é um meio de transporte rápido, principalmente nos trajetos mais curtos e credível! Esta atitude teve um enorme impacto, de tal forma que mesmo depois do transporte ferroviário voltar a circular normalmente, houve um aumento nos utilizadores da bicicleta de 131% em relação a janeiro de 2019.
A BICICLETA E A CRISE DO NOVO CORONA VIRUS
Tal como nos dois exemplos mencionados, a bicicleta torna a estar em destaque nesta crise sanitária que atualmente atravessamos, as restrições de mobilidade e as medidas de distanciamento social aceleram a sua utilização.
Em França, o Ministério para a Transição Ecológica tem em mãos um plano para que, após o confinamento, a bicicleta se torne o principal meio de transporte para manter a distância social. A principal meta será conseguir uma cidade 100% ciclável até 2024, garantiu a presidente do município de Paris, Anne Hidalgo.
Por sua vez, o diretor de Saúde Espanhol, Salvador Illa, afirmou recentemente que “a bicicleta é um meio de transporte seguro”. Como em Itália, outro dos países particularmente atingidos pela covid-19, as instituições parecem prontas a promover a bicicleta como alternativa ao transporte convencional.
A Alemanha é uma referência no que toca a questões de mobilidade urbana sustentável. Em Berlim, as avenidas foram reconvertidas com novas ciclovias e muitas das já existentes foram aumentadas para o dobro da largura, ocupando espaço habitualmente destinado a veículos motorizados.
A revolução da bicicleta está a chegar a todo o mundo, na América do Norte, em Boston ou Chicago, o aluguer público de bicicletas flexibilizou as tarifas e em alguns casos, é gratuito; pelo menos parcialmente. O mesmo aconteceu em Nova York, onde o número de utilizadores de Citi Bike registou um aumento de 70% nas últimas semanas, em comparação com o mesmo período do ano passado. Da mesma forma, o tráfego de ciclistas através das pontes sobre o East River aumentou 52% depois das medidas de distanciamento terem sido decretadas.
Na América Latina, cidades como a Cidade do México ou Bogotá estão a ser construídas centenas de quilómetros de novas ciclovias ou até a ser suprimidas faixas de estrada para uso exclusivo da bicicleta, em determinadas horas do dia.
Mesmo na China, o departamento de Controlo e Prevenção de Doenças recomendou o ciclismo como sendo a forma mais segura de transporte público. De facto, o retorno gradual à normalidade levou a um crescimento assinalável do serviço público de aluguer partilhado. Em Wuhan, o uso da bicicleta triplicou em distâncias superiores a três quilómetros, enquanto 17% das pessoas que foram ao hospital fizeram-no a pedalar.
A BICICLETA E O FUTURO
O ciclismo recreativo foi muito limitado em alguns países mais atingidos pela pandemia do novo corona vírus, noutros foi incentivado desde que de acordo com todas as regras e recomendações da Organização Mundial de Saúde, como no caso de Portugal.
Com a urgente necessidade de diminuir as emissões de gases para a atmosfera, de diminuir o ruído nas grandes cidades e ainda, nesta fase de lento regresso à normalidade, estão criadas todas as condições para uma utilização da bicicleta como meio de transporte mais abrangente a nível mundial, em nome de um futuro melhor.
