Foi um Samuel Caldeira tranquilo e paciente que aguardou o final do Prólogo de Viseu para depois, confirmado o melhor registo nos seis quilómetros, rasgar um enorme sorriso de vencedor.
Caldeira esteve sentado na cadeira reservada ao corredor com a melhor marca durante bastante tempo, uma vez que foi dos primeiros a fazer o percurso. Quando o companheiro de equipa na W52-FC Porto, Gustavo Veloso, o último na estrada, cruzou a linha de chegada estava resolvido o impasse e encontrado o primeiro vencedor da Volta 2019, mas não fosse a decisão dos centésimos e os três primeiros classificados estariam empatados.
Atrás de Samuel Caldeira terminou um suíço, Gian Friesecke, e o espanhol Gustavo Veloso. Os três fizeram 7m 28s com uma média voadora que ultrapassou os 48 Km/h.
O percurso escolhido para esta luta contra o cronómetro repetiu o trajeto estreado em 2015, com um traçado maioritariamente plano e com bom asfalto. As zonas técnicas do contrarrelógio estavam nas curvas estreitas e no tapete empedrado da zona história de Viseu, com muitos entusiastas a aplaudir efusivamente a passagem dos 132 participantes.
Neste início de Volta a nota dominante, para além do triunfo do sprinter da W52-FC Porto, é a liderança coletiva da equipa azul e branca para a qual contribuiu o facto de terminar o Prólogo com três homens nas cinco primeiras posições.
Declarações após o prólogo da 81.ª Volta a Portugal de bicicleta, um contrarrelógio de seis quilómetros disputado hoje, em Viseu:
Samuel Caldeira (vencedor do prólogo e líder da classificação geral): “A sensação é fantástica. É saborear esta noite e amanhã [quinta-feira] a Volta continua e temos muito trabalho pela frente.
[Defender a camisola amarela] Tenho outros objetivos e prioridades na equipa. Não era um objetivo, mas sabia que hoje podia fazer um grande tempo.
[Sobre a última etapa que venceu, em 2017] São sentimentos diferentes, e vestir de amarelo era um sonho que eu não tinha [para hoje].
Senti ansiedade, e saber que há quem pode fazer um tempo melhor. Depois, é o sentimento de que posso mesmo ganhar a etapa.
São seis quilómetros e nem dá para pensar em muita coisa. Arranquei a dar tudo e não geri nada.
[Defesa da liderança] Não muda nada dentro da equipa, temos os objetivos bem definidos e eu sou o mesmo ciclista. O que muda é saborear algo com que não contava.
O Gustavo Veloso é um grande especialista neste exercício, saberia que poderia ser ele a vestir de amarelo. Mas tive sempre um pingo de esperança de que poderia ser eu”.
Gustavo Veloso (terceiro classificado no prólogo e na geral): “Estou contente, foi por um punhado de centésimas que se decidiu. Para o resto da Volta, importa saber como estão os restantes candidatos.
O Samuel ter ganhado é um grande prémio para ele e para a equipa. O Samuel tem estado sempre a trabalhar para os outros nas últimas Voltas a Portugal, e poder vestir a amarela depois do Raúl Alarcón em 2018, fez-se justiça para ele.
[Sobre a defesa da camisola amarela] Mantê-la pode ser mais fácil nos dias em que se vai rolar, mas não nos vai tirar o sono, o Nuno Ribeiro é que é o diretor, e dir-nos-á como vamos encarar as etapas. Todas as equipas querem esta camisola”.
Thibault Guernalec (quarto classificado e líder da juventude): “Estou feliz com as minhas sensações, mas dois segundos é muito curto. Talvez tenha perdido algum tempo nas curvas, mas é um bom exercício. Não deixa de ser desapontante, foi por tão pouco.
Os meus objetivos passam por integrar fugas até ao fim da Volta, e a equipa quer fazer bons ‘sprints’, e eu espero que no contrarrelógio do fim possa voltar a fazer um bom resultado”.
Joni Brandão (Oitavo classificado no prólogo e geral): “O prólogo não se enquadrava muito nas minhas características. Dei tudo o que tinha hoje para tentar perder o mínimo tempo possível.
Vestir hoje a amarela é simbólico, porque ela era do Raúl Alarcón, vencedor do ano passado. O que conta é a partir de hoje e espero conseguir vestir esta camisola, sobretudo no último dia”.
Montanha já na 1ª etapa
Com o início de agosto chega a primeira etapa da 81ª Volta a Portugal Santander que apadrinha a estreia de Miranda do Corvo na principal prova do ciclismo português.
Os candidatos e os trepadores hão de ficar alerta logo nos primeiros quilómetros na Serra da Lousã onde está uma contagem de primeira categoria.
O percurso acidentado de 174,7 quilómetros passa ainda por Alvaiázere e Pombal até chegar a Leiria, cidade que já foi final de etapa da Volta 18 vezes e que, ao final da tarde desta quinta-feira, estará de braços abertos para receber o pelotão da 81ª Volta a Portugal Santander.